domingo, 28 de novembro de 2010
Sotaque Goiano no Samba
Por Danilo di Paiva
É com muito orgulho que venho apresentar o novo trabalho da goianíssima Maria Eugênia Alencastro Veiga – O SAMBA ME DIZ, lançado em fevereiro de 2010.
Com sua voz doce e envolvente, Maria Eugenia traz clássicos do samba como Argumento (Paulinho da Viola), A Mãe D´água e a Menina (Dorival Caymmi), Minha Viola (Noel Rosa), Força da Imaginação (Dona Ivone Lara), Brasil Pandeiro (Assis Valente), Vai Passar (Chico Buarque) e O Samba me Diz, que dá nome ao disco.
Com nove CDS solo, quatro projetos em parceria e dois DVDS gravados, Maria Eugênia vive um momento ímpar na sua carreira: é a voz da canção Companheiro (Tibério Gaspar/Naire Siqueira), tocada na abertura da novela Araguaia, da Rede Globo, após disputa entre 2000 outras músicas, incluindo a badalada dupla Victor e Léo.
Seu segundo DVD está quentinho, gravado ao vivo em outubro no teatro Teatro Escola Basileu França (Goiânia-GO) contendo músicas dos goianos Juraildes da Cruz, João Caetano, Pádua, além de músicas de Altay Veloso, Guinga, Milton Nascimento, Chico Buarque.
Quem estiver no Rio de Janeiro no próximo dia 30 de novembro (terça-feira), às 19:30hs, não pode perder a apresentação de Maria Eugênia no Teatro Rival (Rua Álvaro Alvim, 33/37 – Cinelândia).
Para quem não puder se fazer presente na Cidade Maravilhosa, poderá conhecer, rever e se encantar com a apresentação de Maria Eugênia no programa Som Brasil, transmitido pela Rede Globo, no dia 17 de dezembro de 2010, homenageando ninguém menos que Chico Buarque.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Danilo Caymmi faz apresentação em Goiânia
Por Danilo di Paiva
No último dia 13, exatamente às 21:15hs, Goiânia recebeu um presente de natal antecipado. Subiu ao palco Danilo Caymmi, acompanhado pelo maestro Flávio Mendes, cantando e encantando no Teatro Sesi, emocionando a noite de centenas de goianos que ali estavam.
Nascido em 7 de março de 1948, Danilo Caymmi abandonou o curso de arquitetura para se dedicar às atividades de músico, cantor, compositor e arranjador.
O repertório do show foi escolhido a dedo. A apresentação começou com Flecha de Prata (Danilo Caymmi e Ana Terra), seguida com O Bem e o Mal (Danilo Caymmi e Dudu Falcão) e Chega de Tarde (Danilo Caymmi e Cacaso). Seguiu com canções de seu pai e Tom Jobim (A Felicidade e Eu Sei que Vou Te Amar) e finalizou com Andanças (Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), um de seus sucessos apresentados No III Festival Internacional da Canção, promovido pela Rede Globo em 1.968.
Foi a primeira vez que assisti ao show do filho do mestre Dorival. Sabia que seria uma experiência ímpar, pois trata-se de um membro de uma família musical, um verdadeiro patrimônio do Brasil: Dorival, Nana, Dori e Danilo. Surpreendi-me com sua simpatia, simplicidade e carisma.
Durante a apresentação, entre as músicas, contou histórias e experiências vividas que deixaram o público extasiado.
O melhor de tudo, foi receber um verdadeiro banho de cultura por um preço simbólico de R$ 10,00. Agradeço ao SESI que, por meio deste incentivo cultural, pôde fazer com que Goiânia tivesse uma noite especial.
Tive a satisfação de agradecer ao próprio Danilo Caymmi, ao visitá-lo no camarim, por ter proporcionado a nós, Adriana e eu, um sábado recheado de emoção e de muita Música Popular Brasileira. Viva a MPB!!
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Brasileiro, intenso e delicado
O novo cd da Roberta Sá "Quando O Canto É Reza" gravado com o Trio Madeira do Brasil, com produção de Pedro Luís e direção musical de Marcello Gonçalves, vem com uma proposta mais próxima do samba de raiz que o primeiro "Pra Se Ter Alegria", com músicas inéditas, essa novidade contempla ainda diferentes ritmos, como maxixe, maracatu, ciranda, afoxé, samba-choro e samba-de-roda. A obra foi dedicada ao compositor baiano Roque Ferreira, que tem 13 canções no cd, e foi lançado em 1979 por Clara Nunes.
O Trio Madeira Do Brasil, representa o que há de melhor na cultura brasileira e são atentos à manifestações de outras culturas.
A intenção inicial era de um cd totalmente inédito, mas no decorrer das gravações Roberta Optou por gravar "Água da Minha Sede " também do composição de Roque Ferreira, que deu nome a um cd de Zeca Pagodinho, entre outras canções.
Quando o canto é reza vem brasileiramente intenso e delicado..
sexta-feira, 12 de março de 2010
CARNAVAL: SESSÃO MANAUS
Tágore Aryce
É um paradoxo, mas esse blog que ousa falar de samba não tocou no assunto durante o carnaval. A explicação é simples e convincente. Estávamos todos em pesquisa de campo. Sim, viajando pra conhecer outros carnavais já que o carnaval, definitivamente, não é o forte de Goiânia. Parabenizamos quem tenta reacender a chama, mas, quando não e, não é!
Pois bem. Estivemos em Manaus durante a festa do Rei Momo (eu e Romero Arruda, os presentes na viagem e não os “Reis Momos”). Manaus tem carnaval na melhor essência da palavra. Existem blocos populares, desfiles de escola de samba, sambódromo, brincantes de todas as idades, concurso de fantasia, carnaval no sábado magro, ressaca do carnaval e tudo que está relacionado à folia.
Começamos a nossa pesquisa de campo ainda no sábado magro, dia em que sai a BICA (Banda Independente da Confraria do Armando). O bar “copo sujo” de um português rabugento recebeu 100 mil pessoas que em coro cantavam marchinhas com cunho político, esculhambando Prefeito, Vereador, Senador e quem mais merecesse.
A marchinha do ano tinha como tema os “irmãos coragem”, um Ex-Deputado Estadual (Wallace Souza, que está preso) e o Vice Prefeito de Manaus (Carlos Souza), envolvidos até o pescoço em crimes como homicídio, associação para o tráfico, entre outros. O trecho da marchinha que mais empolgava os foliões, que cantavam com punhos cerrados era:
“Irmãos Coragem é meu ovo esquerdo
Cá na Bica do Armando tá todo mundo preso.”
A folia da BICA começou às 14 horas, abandonamos o evento às 20:00, pois mais tarde havia outro ambiente a ser pesquisado. O tradicional Baile do Hawaii ocorre no espaço da piscina do mais tradicional hotel da cidade, o Hotel Tropical e teve como atração Jorge Ben. Em que pese ser um baile tradicional, já está “contaminado” pelo cunho capitalista que envolve a festa. Cambistas e ingressos a preços nada populares tiram o gostinho do carnaval democrático da cidade, mas, como ninguém é de ferro, e gostamos de farra, marcamos presença por lá.
Já no sábado de carnaval, centenas de blocos, que por lá chamam de bandas, começam a desfilar pelas ruas da cidade. Há blocos para todos os gostos, inclusive blocos de cabaré. Isso mesmo, a “casa de shows” Rêmulo’s tem sua banda, a falada e mal falada Banda do Rêmulo’s. Salienta-se que não fizemos este trecho da pesquisa “in loco”, fica pra próxima!
No sábado de carnaval ocorrem os desfiles do grupo especial de Manaus (há o grupo de acesso e o grupo especial). Os desfiles ocorrem no estruturado sambódromo da cidade. Fiquei impressionado com a qualidade dos carros alegóricos e fantasias. O desfile é transmitido ao vivo pela tevê e tem participação efetiva das comunidades. As fantasias não são caras e há venda de enredos como muito tem ocorrido no Rio. Uma das escolas falava sobre a Defensoria Pública (que assunto escroto), enfim, há uma perda de essência, mas ficar falando sobre isso também enche o saco.
Carnaval que segue, domingão. No mesmo sambódromo dos desfiles do dia anterior acontece o Bloco das Piranhas. Homens vestidos de mulher dão o ar da graça na folia do domingo de carnaval. 200 mil pessoas participam do bloco que, uma semana depois, no sábado posterior ao carnaval, realizam uma espécie de ressaca do bloco, chamado “caldo das piranhas”. Realmente, após essa maratona de farra deve sobrar só o caldo.
Outro bloco interessante é o Galo da Madrugada de Manaus. Alguns recifenses radicados em Manaus, com saudade do fantástico carnaval do Recife, se reuniram e fizeram uma filial do mais famoso bloco de carnaval do Brasil. Interessante ver a cultura nordestina se espalhando Brasil afora.
Na terça-feira de carnaval acontece o Carnaboi. Ao som dos bois Garantido e Caprichoso ocorre essa salada cultural que mistura carnaval com as toadas de boi-bumbá. A festa ocorre no sambódromo e em 2010 atraiu 80 mil pessoas que, freneticamente enalteciam seu boi. É bonito ver a paixão da população pelos bois de Parintins. Há um universo desconhecido pelo restante do País nas toadas de boi-bumbá. Vale à pena pesquisar, é cultura brasileira!
Durante a viagem conhecemos um bar chamado Chão de Estrelas. Não há bar mais surreal no meu currículo de butequeiro. Um estabelecimento pequeno e com características pontuais. Milhares de discos de vinil em conjunto com centenas de objetos antigos decoram o lugar. Os músicos tocam chorinho e samba e ficam de costas para o público, numa espécie de curral. Quem souber cantar pode se habilitar. Não há garçom no bar, o sistema é self-service. O microfone é plugado a um desses aparelhos de som que qualquer um tem em casa, como eu fazia na minha infância. O dono do bar usava uma camisa bem estampada, aberta e anunciava as atrações da noite com muito entusiasmo. Entre um anúncio e outro, o proprietário ainda controlava o banheiro: “homens pra cá, mulheres pra lá, sua vez, vez dele, vez dela.” Uma bagunça organizada.
Estivemos em Manaus na semana que antecedeu o carnaval, no período de festa propriamente dito e na semana posterior, no entanto, não conhecemos metade do que a cidade tem a oferecer no quesito folia, mas conseguimos observar o principal que é o clima de festa: pessoas pelas ruas com confetes, serpentinas e fantasias brincam ao som de marchinhas antigas e atuais, compostas por cidadãos amazonenses.
Valeu muito à pena nossa pesquisa de campo. O fígado voltou baqueado, mas tudo em nome do trabalho. É com uma pontinha de inveja, com uma pontinha de dor no coração que eu digo: Manaus tem carnaval!
É um paradoxo, mas esse blog que ousa falar de samba não tocou no assunto durante o carnaval. A explicação é simples e convincente. Estávamos todos em pesquisa de campo. Sim, viajando pra conhecer outros carnavais já que o carnaval, definitivamente, não é o forte de Goiânia. Parabenizamos quem tenta reacender a chama, mas, quando não e, não é!
Pois bem. Estivemos em Manaus durante a festa do Rei Momo (eu e Romero Arruda, os presentes na viagem e não os “Reis Momos”). Manaus tem carnaval na melhor essência da palavra. Existem blocos populares, desfiles de escola de samba, sambódromo, brincantes de todas as idades, concurso de fantasia, carnaval no sábado magro, ressaca do carnaval e tudo que está relacionado à folia.
Começamos a nossa pesquisa de campo ainda no sábado magro, dia em que sai a BICA (Banda Independente da Confraria do Armando). O bar “copo sujo” de um português rabugento recebeu 100 mil pessoas que em coro cantavam marchinhas com cunho político, esculhambando Prefeito, Vereador, Senador e quem mais merecesse.
A marchinha do ano tinha como tema os “irmãos coragem”, um Ex-Deputado Estadual (Wallace Souza, que está preso) e o Vice Prefeito de Manaus (Carlos Souza), envolvidos até o pescoço em crimes como homicídio, associação para o tráfico, entre outros. O trecho da marchinha que mais empolgava os foliões, que cantavam com punhos cerrados era:
“Irmãos Coragem é meu ovo esquerdo
Cá na Bica do Armando tá todo mundo preso.”
A folia da BICA começou às 14 horas, abandonamos o evento às 20:00, pois mais tarde havia outro ambiente a ser pesquisado. O tradicional Baile do Hawaii ocorre no espaço da piscina do mais tradicional hotel da cidade, o Hotel Tropical e teve como atração Jorge Ben. Em que pese ser um baile tradicional, já está “contaminado” pelo cunho capitalista que envolve a festa. Cambistas e ingressos a preços nada populares tiram o gostinho do carnaval democrático da cidade, mas, como ninguém é de ferro, e gostamos de farra, marcamos presença por lá.
Já no sábado de carnaval, centenas de blocos, que por lá chamam de bandas, começam a desfilar pelas ruas da cidade. Há blocos para todos os gostos, inclusive blocos de cabaré. Isso mesmo, a “casa de shows” Rêmulo’s tem sua banda, a falada e mal falada Banda do Rêmulo’s. Salienta-se que não fizemos este trecho da pesquisa “in loco”, fica pra próxima!
No sábado de carnaval ocorrem os desfiles do grupo especial de Manaus (há o grupo de acesso e o grupo especial). Os desfiles ocorrem no estruturado sambódromo da cidade. Fiquei impressionado com a qualidade dos carros alegóricos e fantasias. O desfile é transmitido ao vivo pela tevê e tem participação efetiva das comunidades. As fantasias não são caras e há venda de enredos como muito tem ocorrido no Rio. Uma das escolas falava sobre a Defensoria Pública (que assunto escroto), enfim, há uma perda de essência, mas ficar falando sobre isso também enche o saco.
Carnaval que segue, domingão. No mesmo sambódromo dos desfiles do dia anterior acontece o Bloco das Piranhas. Homens vestidos de mulher dão o ar da graça na folia do domingo de carnaval. 200 mil pessoas participam do bloco que, uma semana depois, no sábado posterior ao carnaval, realizam uma espécie de ressaca do bloco, chamado “caldo das piranhas”. Realmente, após essa maratona de farra deve sobrar só o caldo.
Outro bloco interessante é o Galo da Madrugada de Manaus. Alguns recifenses radicados em Manaus, com saudade do fantástico carnaval do Recife, se reuniram e fizeram uma filial do mais famoso bloco de carnaval do Brasil. Interessante ver a cultura nordestina se espalhando Brasil afora.
Na terça-feira de carnaval acontece o Carnaboi. Ao som dos bois Garantido e Caprichoso ocorre essa salada cultural que mistura carnaval com as toadas de boi-bumbá. A festa ocorre no sambódromo e em 2010 atraiu 80 mil pessoas que, freneticamente enalteciam seu boi. É bonito ver a paixão da população pelos bois de Parintins. Há um universo desconhecido pelo restante do País nas toadas de boi-bumbá. Vale à pena pesquisar, é cultura brasileira!
Durante a viagem conhecemos um bar chamado Chão de Estrelas. Não há bar mais surreal no meu currículo de butequeiro. Um estabelecimento pequeno e com características pontuais. Milhares de discos de vinil em conjunto com centenas de objetos antigos decoram o lugar. Os músicos tocam chorinho e samba e ficam de costas para o público, numa espécie de curral. Quem souber cantar pode se habilitar. Não há garçom no bar, o sistema é self-service. O microfone é plugado a um desses aparelhos de som que qualquer um tem em casa, como eu fazia na minha infância. O dono do bar usava uma camisa bem estampada, aberta e anunciava as atrações da noite com muito entusiasmo. Entre um anúncio e outro, o proprietário ainda controlava o banheiro: “homens pra cá, mulheres pra lá, sua vez, vez dele, vez dela.” Uma bagunça organizada.
Estivemos em Manaus na semana que antecedeu o carnaval, no período de festa propriamente dito e na semana posterior, no entanto, não conhecemos metade do que a cidade tem a oferecer no quesito folia, mas conseguimos observar o principal que é o clima de festa: pessoas pelas ruas com confetes, serpentinas e fantasias brincam ao som de marchinhas antigas e atuais, compostas por cidadãos amazonenses.
Valeu muito à pena nossa pesquisa de campo. O fígado voltou baqueado, mas tudo em nome do trabalho. É com uma pontinha de inveja, com uma pontinha de dor no coração que eu digo: Manaus tem carnaval!
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Manaus - A Pasárgada brasileira
Tágore Aryce
“O Amazonas é um país.” Por diversas vezes ouvi essa expressão e, apesar de já ter visitado o estado do índio Ajuricaba em muitas ocasiões, só fui entender o verdadeiro significado da já conhecida frase numa semana em que fui a trabalho, que era exatamente a semana que antecedia o carnaval de 2009.
Senti-me um gringo ao ver de perto a alegria do povo amazonense. Lembrei-me das viagens que faço ao Rio de Janeiro, quando zombo dos estrangeiros que, embasbacados, veem o febril requebrado das mulatas cariocas e a alegria do povo da Cidade Maravilhosa.
Procurei explicações e, em meio a um gole e outro, tentava criar teorias “científicas” com os companheiros de copo: “dizem que o sol ajuda na produção da melanina e esta deixa a pessoa mais animada.” E a linha do Equador? Chico Buarque já dizia – “Não existe pecado do lado de baixo do Equador...” Enfim, evidentemente, não conclui minhas teses, mas que a alegria reina naquela terra, isso é fato!
Após alguns dias de trabalho em Manaus, eu e meu sócio, Romero Arruda, que estava visitando a cidade pela terceira vez, resolvemos na quinta-feira, participar do Ensaio da Bica (Banda Independente da Confraria do Armando), bloco tradicional da cidade que sempre tem enredos hilários, dizendo aos políticos do estado o que a população pensa em dizer e não tem oportunidade (ou coragem). A banda faz alusão ao Bar do Armando, um Português, proprietário do estabelecimento desde a década de 70.
Naquela noite, eu e Romero já estávamos bem à vontade, entramos no clima (que deve atingir 40 graus no interior do bar) e aproveitamos muito as marchinhas amazonenses que se alternavam com as marchas tradicionais. Pois bem, passamos a observar os “personagens” daquela noite que eram muitos e serviram de inspiração pra este texto.
Personagem número um: Montanha. Que figura caricata. Um baixinho que, além do apelido citado, possui ainda o pseudônimo de Mentira. Não pense você que é pelo fato de ele ser mentiroso (também o é), mas sim, por ter as pernas curtas. Certo, mentira tem perna curta. Ex-garçom do nostálgico Bar do Armando, Montanha foi demitido há dois anos, no entanto, não para de freqüentar o bar, recebendo ainda hoje 10% do consumo dos clientes (agora pagos em cerveja e sem contraprestação de serviços). Montanha ficou ainda mais conhecido com o enredo da BICA do ano de 2007 que dizia: “Armando deu a idéia e Dona Lourdes achou legal: Montanha, meu garoto, meu tesouro, Deputado Federal...” uma alusão aos “filhinhos de papai” que se elegem às custas da história política de seus queridos pais.
Personagem número dois: Cauby Peixoto. Como quem inspirou o nome, ainda não sei se era alguém do sexo masculino ou feminino. Sei que era uma figura de marca maior e chegou junto no meu sócio, querendo por tudo ser a Conceição dele que, educadamente, se esquivou e saiu cantando a música tema do ano: “então preste atenção onde mete a Bica...”.
Personagem número três: Delegado. Semelhança física incontestável com o “Seu Delegado”, o dançarino que faz coisas que aprendeu com Marcelino. É o Delegado da Mangueira que, no entanto, parecia mesmo um bacharel, protegendo meu companheiro de viagem das “más companhias” que surgiam para lhe bolinar.
Personagem número quatro: Quem? Maravilhoso. Chico Buarque de Holanda que, no caso em questão, era uma mulher de cabelos curtos, olhos claros, pele avermelhada. Não conversamos com “ele”, só que a semelhança era tamanha, que não tinha como escapar e sua presença aqui está garantida.
Personagem número cinco: Outro ícone. Raul Seixas. Tão porra louca quanto o vampiro doidão. Andava bem embriagada, mas sempre bem humorada. De vez em quando cantava um samba antigo. Em um episódio, confusão geral, uma mocinha bem magrinha, talvez um affair da “raulzita” ameaçou dar porrada nela e em quem se atrevesse a separar a briga. Admirável a coragem da moça, que devia pesar pouco mais de 40 kg. No fim das contas, não houve briga e saíram abraçadas, cantando: “O ciúme é só vaidade. Sofro, mas eu vou te libertar...”
Personagem número seis: Petronila. Não conversamos com ela, a incluo nesse texto por merecimento. Trata-se de uma senhora de uns 80 anos que é porta estandarte da BICA desde a criação da banda, há 23 anos atrás. Uma mulher muito longe dos padrões de beleza carrega o estandarte do Bloco que, segundo algumas pessoas (maldosas) é a maior concentração de pessoas feias de Manaus. A senhora Petronila vai todos os dias à missa na Igreja de São Sebastião, que fica ao lado do Bar do Armando e, ao sair da igreja, religiosamente, toma duas cervejas no bar do Português. Sai sempre sem pagar a conta e jamais foi cobrada por isso. Justo!
Personagem número sete: Charles Stones (nome verdadeiro), de apelido Charles 5 Estrelas, ex–garçom do Bar do Armando. Dizem as más línguas que o velho Armando viajou pra sua terra natal, deixando o Cinco Estrelas como preposto, gerenciando os negócios do português. Ao voltar da Europa, quando abriu o bar, o portuga soltou um sonoro “curalho”, afinal, não havia mais cascos e engradados de cerveja no bar. O Charles vendeu tudo e montou um bar. Pouco distante dali, o Bar Cinco Estrelas, na Av. Getúlio Vargas, é hoje conhecido como filial do Armando. Tem banda de carnaval e abriga os bebuns, órfãos de bar, quando o Armando baixa as portas e coloca os boêmios pra correr.
Conseguimos, em uma só noite, ser expulsos do Bar do Armando e da filial que nos acolheu tão somente até as três da manhã. Bota fora clássico, com direito a música do Jota Quest tocada no violão pelo próprio Charles (que recusou os insistentes pedidos do jornalista Mário Adolfo para que a noite se finalizasse com Chico Buarque – o original) e luzes apagadas. Alguma revolta, de alguns bebuns, demonstradas especialmente na atitude do Montanha que, ao receber a conta, a rasgou, sem titubear. Sem maiores motins os boêmios se recolheram. Fim de noite!
“O Amazonas é um país.” Por diversas vezes ouvi essa expressão e, apesar de já ter visitado o estado do índio Ajuricaba em muitas ocasiões, só fui entender o verdadeiro significado da já conhecida frase numa semana em que fui a trabalho, que era exatamente a semana que antecedia o carnaval de 2009.
Senti-me um gringo ao ver de perto a alegria do povo amazonense. Lembrei-me das viagens que faço ao Rio de Janeiro, quando zombo dos estrangeiros que, embasbacados, veem o febril requebrado das mulatas cariocas e a alegria do povo da Cidade Maravilhosa.
Procurei explicações e, em meio a um gole e outro, tentava criar teorias “científicas” com os companheiros de copo: “dizem que o sol ajuda na produção da melanina e esta deixa a pessoa mais animada.” E a linha do Equador? Chico Buarque já dizia – “Não existe pecado do lado de baixo do Equador...” Enfim, evidentemente, não conclui minhas teses, mas que a alegria reina naquela terra, isso é fato!
Após alguns dias de trabalho em Manaus, eu e meu sócio, Romero Arruda, que estava visitando a cidade pela terceira vez, resolvemos na quinta-feira, participar do Ensaio da Bica (Banda Independente da Confraria do Armando), bloco tradicional da cidade que sempre tem enredos hilários, dizendo aos políticos do estado o que a população pensa em dizer e não tem oportunidade (ou coragem). A banda faz alusão ao Bar do Armando, um Português, proprietário do estabelecimento desde a década de 70.
Naquela noite, eu e Romero já estávamos bem à vontade, entramos no clima (que deve atingir 40 graus no interior do bar) e aproveitamos muito as marchinhas amazonenses que se alternavam com as marchas tradicionais. Pois bem, passamos a observar os “personagens” daquela noite que eram muitos e serviram de inspiração pra este texto.
Personagem número um: Montanha. Que figura caricata. Um baixinho que, além do apelido citado, possui ainda o pseudônimo de Mentira. Não pense você que é pelo fato de ele ser mentiroso (também o é), mas sim, por ter as pernas curtas. Certo, mentira tem perna curta. Ex-garçom do nostálgico Bar do Armando, Montanha foi demitido há dois anos, no entanto, não para de freqüentar o bar, recebendo ainda hoje 10% do consumo dos clientes (agora pagos em cerveja e sem contraprestação de serviços). Montanha ficou ainda mais conhecido com o enredo da BICA do ano de 2007 que dizia: “Armando deu a idéia e Dona Lourdes achou legal: Montanha, meu garoto, meu tesouro, Deputado Federal...” uma alusão aos “filhinhos de papai” que se elegem às custas da história política de seus queridos pais.
Personagem número dois: Cauby Peixoto. Como quem inspirou o nome, ainda não sei se era alguém do sexo masculino ou feminino. Sei que era uma figura de marca maior e chegou junto no meu sócio, querendo por tudo ser a Conceição dele que, educadamente, se esquivou e saiu cantando a música tema do ano: “então preste atenção onde mete a Bica...”.
Personagem número três: Delegado. Semelhança física incontestável com o “Seu Delegado”, o dançarino que faz coisas que aprendeu com Marcelino. É o Delegado da Mangueira que, no entanto, parecia mesmo um bacharel, protegendo meu companheiro de viagem das “más companhias” que surgiam para lhe bolinar.
Personagem número quatro: Quem? Maravilhoso. Chico Buarque de Holanda que, no caso em questão, era uma mulher de cabelos curtos, olhos claros, pele avermelhada. Não conversamos com “ele”, só que a semelhança era tamanha, que não tinha como escapar e sua presença aqui está garantida.
Personagem número cinco: Outro ícone. Raul Seixas. Tão porra louca quanto o vampiro doidão. Andava bem embriagada, mas sempre bem humorada. De vez em quando cantava um samba antigo. Em um episódio, confusão geral, uma mocinha bem magrinha, talvez um affair da “raulzita” ameaçou dar porrada nela e em quem se atrevesse a separar a briga. Admirável a coragem da moça, que devia pesar pouco mais de 40 kg. No fim das contas, não houve briga e saíram abraçadas, cantando: “O ciúme é só vaidade. Sofro, mas eu vou te libertar...”
Personagem número seis: Petronila. Não conversamos com ela, a incluo nesse texto por merecimento. Trata-se de uma senhora de uns 80 anos que é porta estandarte da BICA desde a criação da banda, há 23 anos atrás. Uma mulher muito longe dos padrões de beleza carrega o estandarte do Bloco que, segundo algumas pessoas (maldosas) é a maior concentração de pessoas feias de Manaus. A senhora Petronila vai todos os dias à missa na Igreja de São Sebastião, que fica ao lado do Bar do Armando e, ao sair da igreja, religiosamente, toma duas cervejas no bar do Português. Sai sempre sem pagar a conta e jamais foi cobrada por isso. Justo!
Personagem número sete: Charles Stones (nome verdadeiro), de apelido Charles 5 Estrelas, ex–garçom do Bar do Armando. Dizem as más línguas que o velho Armando viajou pra sua terra natal, deixando o Cinco Estrelas como preposto, gerenciando os negócios do português. Ao voltar da Europa, quando abriu o bar, o portuga soltou um sonoro “curalho”, afinal, não havia mais cascos e engradados de cerveja no bar. O Charles vendeu tudo e montou um bar. Pouco distante dali, o Bar Cinco Estrelas, na Av. Getúlio Vargas, é hoje conhecido como filial do Armando. Tem banda de carnaval e abriga os bebuns, órfãos de bar, quando o Armando baixa as portas e coloca os boêmios pra correr.
Conseguimos, em uma só noite, ser expulsos do Bar do Armando e da filial que nos acolheu tão somente até as três da manhã. Bota fora clássico, com direito a música do Jota Quest tocada no violão pelo próprio Charles (que recusou os insistentes pedidos do jornalista Mário Adolfo para que a noite se finalizasse com Chico Buarque – o original) e luzes apagadas. Alguma revolta, de alguns bebuns, demonstradas especialmente na atitude do Montanha que, ao receber a conta, a rasgou, sem titubear. Sem maiores motins os boêmios se recolheram. Fim de noite!
domingo, 31 de janeiro de 2010
A cidade que exala cultura (roteiro cultural da Cidade Maravilhosa)
Sou um ser apaixonado pela arte, por isso saio de Goiás todos os anos e vou ao Rio de Janeiro em busca de enriquecimento cultural, vivendo a arte onde ela acontece em cada esquina e a todo o momento. Para quem busca cultura nostálgica ou mesmo contemporânea, não há lugar melhor que o Rio de Janeiro que, indubitavelmente, continua lindo.
Nos meados do século passado a Lapa foi um reduto onde se era possível tomar uns porres com grandes nomes do cenário musical, político e cultural. Hoje, o tradicional bairro da boemia carioca retoma seu tempo áureo com uma esplendorosa efervescência cultural, nos rendendo frutos com artistas jovens fazendo música da melhor qualidade, como Tereza Cristina que se apresenta acompanhada do Grupo Semente; o Grupo de Samba Sururu na Roda, reunião de estudantes universitários da Faculdade de Música da Uni-Rio; O grupo Casuarina, comandado por João Cavalcanti, filho de Lenine que embala a nova geração da Lapa com sambas antigos e atuais; Diogo Nogueira, filho de João Nogueira, que apresenta as músicas do pai e composições próprias com timbre parecido com o do velho Presidente do Clube do Samba.
Todos esses nomes fazem o samba tradicional (denominado por muitos, samba de raiz) e composições próprias. São apenas exemplos esparsos dos frutos colhidos por uma revitalização cultural no bairro, que acontece desde 2002, nos deixando a certeza de que temos uma turma fazendo arte com qualidade e nos tirando aquele estigma de que a atual geração nada produz.
Mas nem só dos jovens nomes vive a cultura da Lapa, eventualmente se apresentam Dona Ivone Lara, Monarco, Nelson Sargento e tantos outros nomes da velha guarda do samba. Enfim, de segunda a segunda a Lapa nos enche de alegria de viver e nos dá condições de navegar nas ondas da cultura, sendo hoje, patrimônio cultural do Brasil.
Caso amanheça no samba e ainda tenha pique, passe pela Confeitaria Colombo, no centro da cidade (pertinho da Lapa). A confeitaria é suntuosa, símbolo da Belle Époque. Construída no ano de 1894, também foi refúgio de grandes nomes da política e cultura no início do século passado. Ainda pelo centro, conheça o Bar Luiz, casa com 120 anos de tradição e que tem um chopp inigualável.
Ao sairmos do centro da cidade em direção à Zona Sul, é possível sentir um cheiro de nostalgia no ar. Pode-se caminhar horas pelo bairro de Ipanema sem perceber o quanto se andou e chegar até o número 107 da Rua Nascimento Silva, que fica entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Praia. O endereço serviu de residência ao grande Maestro Tom Jobim e foi imortalizado na música Carta ao Tom 74.
Mais à frente da Nascimento Silva está a esquina composta pelas ruas Vinicius de Moraes e Prudente de Moraes, que é parada obrigatória. De um lado da rua está o Bar Garota de Ipanema, antigo Bar Veloso, onde se reuniam Vinicius, Tom, Miúcha, Nara Leão, Chico Buarque e tantos outros fenômenos da Música Brasileira. Dali, durante as dezenas de rodadas de chopp, saiam obras primas com versos que nos emocionam até hoje. Na parede há quadros com fotos dos antigos freqüentadores, além da cópia original da partitura da música que dá nome ao bar. A Picanha Brasileira é o prato principal da casa e é realmente uma iguaria.
Do outro lado da rua está o Bar Vinicius que, de quinta-feira a domingo, tem ninguém menos que Maria Creuza, intérprete preferida de Vinícius de Moraes. A apresentação ocorre no andar superior da casa, ambiente aconchegante que dá um ar de intimidade com a cantora que, durante o show, nos conta momentos vividos ao lado do poetinha camarada, nos remetendo àquela época fascinante vivida no bairro.
Faço minhas as palavras de Maria Creuza que em suas apresentações diz que aquela é “a esquina mais musical do mundo.”
Na cidade do Rio de Janeiro é possível assistir a shows todos os dias. Portanto, observe o caderno cultural dos jornais e à noite presencie excelentes apresentações em casas maravilhosas como o Mistura Fina,Teatro Rival, Centro Cultural Carioca, Carioca da Gema, Canecão, Fundição Progresso, Vivo Rio, Morro da Urca, entre tantas outras. A bem da verdade, para se fazer um roteiro completo sobre as opções culturais é preciso escrever um livro, tamanha a quantidade de bares, restaurantes, casas de shows e eventos.
O Rio de Janeiro encanta aos olhos e enriquece a alma, afinal, além de tamanha magnitude cultural, há ainda a beleza natural inigualável. Portanto, vá ao Rio de Janeiro e se delicie com o ar cultural que a cidade exala.É um passeio inesquecível!
Tágore Aryce da Costa
Nos meados do século passado a Lapa foi um reduto onde se era possível tomar uns porres com grandes nomes do cenário musical, político e cultural. Hoje, o tradicional bairro da boemia carioca retoma seu tempo áureo com uma esplendorosa efervescência cultural, nos rendendo frutos com artistas jovens fazendo música da melhor qualidade, como Tereza Cristina que se apresenta acompanhada do Grupo Semente; o Grupo de Samba Sururu na Roda, reunião de estudantes universitários da Faculdade de Música da Uni-Rio; O grupo Casuarina, comandado por João Cavalcanti, filho de Lenine que embala a nova geração da Lapa com sambas antigos e atuais; Diogo Nogueira, filho de João Nogueira, que apresenta as músicas do pai e composições próprias com timbre parecido com o do velho Presidente do Clube do Samba.
Todos esses nomes fazem o samba tradicional (denominado por muitos, samba de raiz) e composições próprias. São apenas exemplos esparsos dos frutos colhidos por uma revitalização cultural no bairro, que acontece desde 2002, nos deixando a certeza de que temos uma turma fazendo arte com qualidade e nos tirando aquele estigma de que a atual geração nada produz.
Mas nem só dos jovens nomes vive a cultura da Lapa, eventualmente se apresentam Dona Ivone Lara, Monarco, Nelson Sargento e tantos outros nomes da velha guarda do samba. Enfim, de segunda a segunda a Lapa nos enche de alegria de viver e nos dá condições de navegar nas ondas da cultura, sendo hoje, patrimônio cultural do Brasil.
Caso amanheça no samba e ainda tenha pique, passe pela Confeitaria Colombo, no centro da cidade (pertinho da Lapa). A confeitaria é suntuosa, símbolo da Belle Époque. Construída no ano de 1894, também foi refúgio de grandes nomes da política e cultura no início do século passado. Ainda pelo centro, conheça o Bar Luiz, casa com 120 anos de tradição e que tem um chopp inigualável.
Ao sairmos do centro da cidade em direção à Zona Sul, é possível sentir um cheiro de nostalgia no ar. Pode-se caminhar horas pelo bairro de Ipanema sem perceber o quanto se andou e chegar até o número 107 da Rua Nascimento Silva, que fica entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e a Praia. O endereço serviu de residência ao grande Maestro Tom Jobim e foi imortalizado na música Carta ao Tom 74.
Mais à frente da Nascimento Silva está a esquina composta pelas ruas Vinicius de Moraes e Prudente de Moraes, que é parada obrigatória. De um lado da rua está o Bar Garota de Ipanema, antigo Bar Veloso, onde se reuniam Vinicius, Tom, Miúcha, Nara Leão, Chico Buarque e tantos outros fenômenos da Música Brasileira. Dali, durante as dezenas de rodadas de chopp, saiam obras primas com versos que nos emocionam até hoje. Na parede há quadros com fotos dos antigos freqüentadores, além da cópia original da partitura da música que dá nome ao bar. A Picanha Brasileira é o prato principal da casa e é realmente uma iguaria.
Do outro lado da rua está o Bar Vinicius que, de quinta-feira a domingo, tem ninguém menos que Maria Creuza, intérprete preferida de Vinícius de Moraes. A apresentação ocorre no andar superior da casa, ambiente aconchegante que dá um ar de intimidade com a cantora que, durante o show, nos conta momentos vividos ao lado do poetinha camarada, nos remetendo àquela época fascinante vivida no bairro.
Faço minhas as palavras de Maria Creuza que em suas apresentações diz que aquela é “a esquina mais musical do mundo.”
Na cidade do Rio de Janeiro é possível assistir a shows todos os dias. Portanto, observe o caderno cultural dos jornais e à noite presencie excelentes apresentações em casas maravilhosas como o Mistura Fina,Teatro Rival, Centro Cultural Carioca, Carioca da Gema, Canecão, Fundição Progresso, Vivo Rio, Morro da Urca, entre tantas outras. A bem da verdade, para se fazer um roteiro completo sobre as opções culturais é preciso escrever um livro, tamanha a quantidade de bares, restaurantes, casas de shows e eventos.
O Rio de Janeiro encanta aos olhos e enriquece a alma, afinal, além de tamanha magnitude cultural, há ainda a beleza natural inigualável. Portanto, vá ao Rio de Janeiro e se delicie com o ar cultural que a cidade exala.É um passeio inesquecível!
Tágore Aryce da Costa
domingo, 17 de janeiro de 2010
Rui de Carvalho: ele não deixa o samba morrer!
Nas idas e vindas Brasil afora tive gratas surpresas conhecendo lugares maravilhosos e pessoas igualmente maravilhosas. No ano de 2008 saí de Goiânia com destino ao Rio de Janeiro com o intuito de me encontrar com o jornalista amazonense Mário Adolfo. Era carnaval e cheguei à cidade maravilhosa alguns dias antes do início da data festiva.
No primeiro dia, Mário anunciou que à noite nos encontraríamos com um amigo das antigas de Manaus que morava no Rio de Janeiro.
Caminhamos até o baixo Leblon e tratamos de iniciar os trabalhos etílicos no Bar Jobi, aguardava-mos o companheiro amazônida que logo adentrou ao botequim com chapéu de sambista e um CD em mãos. Tratava-se de Rui de Carvalho, um nortista nascido em Porto Velho que havia residido em Manaus, mas que morava no Rio há muito tempo.
Após quantidades industriais de chopes e muita conversa sobre samba, ele me presenteou com o CD que trazia em mãos: “Noel Rosa por Rui de Carvalho”. Eu que sou um ser sedento por cultura e samba estava conversando e bebendo com um ativista da cultura, um homem que tem a arte correndo nas veias, isso pelo fato de ele, além de compor e cantar, ser designer e artista plástico. É um artista na mais ampla concepção da palavra!
Passado o período carnavalesco na Capital do Samba, regressei ao estado de Goiás e na primeira oportunidade que tive, escutei o presente que havia recebido do artista. Foi uma grata surpresa. Com timbre que lembra João Nogueira, Rui de Carvalho passeia pelas letras de Noel Rosa com extrema autoridade e respeito. É necessário muito respeito à obra especialmente quando o homenageado é um gênio do calibre de Noel Rosa. Há regravações que são verdadeiros crimes! Quando ouço a palavra “releitura” chego a ter calafrios.
Outra surpresa emocionante que tive ocorreu alguns meses atrás. Vasculhando os discos de vinil que meus pais colecionavam na década de 80 quando eu ainda era criança, encontrei um vinil do Rui de Carvalho. Enfieira é o nome de uma das músicas e do LP e retrata a Amazônia com autoridade de quem lá nasceu.
Enfieira é um galho que o pescador utiliza para transportar os peixes da pescaria. A madeira atravessa a guelra do peixe e sai pela boca facilitando a vida do pescador. Passei a admirar ainda mais o trabalho do Rui, afinal, há entre nós uma grande afinidade de temas. Sou apaixonado pela Amazônia e por samba.
“...o rio tem segredos que só conta para o mar.” (trecho da música Enfieira).
Infelizmente ainda não tive oportunidade de ver Rui de Carvalho em suas frequentes apresentações na cidade do Rio de Janeiro, no entanto, mantenho contato com o artista graças às ferramentas virtuais e, muito em breve, pretendo encontrá-lo na Cidade Maravilhosa para apreciar seu belo trabalho. Ele prometeu me ciceronear e me apresentar as autênticas rodas de samba da Zona Norte da cidade.
Sou extremamente grato pelas surpresas que a vida me faz. Obrigado, Rui de Carvalho, por não deixar o samba morrer!
Tágore Aryce da Costa
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Retomando os trabalhos, vamos falar de samba!
Não é fácil conciliar a boemia, o trabalho e a produção literária. Sorte daqueles que lograram êxito em transformar a boemia em trabalho. Músicos, poetas, escritores e tantos outros artistas que conseguem “ganhar dinheiro com poesia” como foi o caso do nosso genial e admirado Vinicius de Moraes. Sinto uma considerável inveja dessas pessoas.
O primeiro parágrafo serviu tão somente pra nos desculparmos pela ausência de postagens no período de festas de fim de ano que avançou o início de 2010, mas que esperamos não se emende até o carnaval. Escrever de ressaca não é uma tarefa fácil.
Meados do mês de janeiro ainda é tempo de desejar um ano com muita felicidade, saúde, samba e crescimento cultural pra todos nós. Ano de copa do mundo e eleições, não obstante, como estamos aqui pra falar de samba, o acontecimento mais importante desse ano de 2010 é o centenário do nosso saudoso, genial, inigualável e imortal Noel Rosa.
Nascido no dia 11 de dezembro de 1910 no Rio de Janeiro, Vila Isabel, bairro imortalizado pelas letras do poeta, Noel foi um dos mais geniais ou o mais genial artista brasileiro, isso pelo fato de ter produzido tão somente por sete anos. Isso mesmo, a primeira música gravada por Noel Rosa se deu em 1929 quando o mesmo tinha 19 anos de idade e a última gravação foi no ano de 1937 com 26 anos de idade.
Noel Rosa morreu na noite de 4 de maio de 1937, portanto, viveu por 26 anos, quatro meses e 23 dias, período suficiente para revolucionar a música brasileira e compor mais de 250 músicas.
Portanto, o Saravá Meu Samba dedica sua vida em 2010 a esse poeta que merece todas as homenagens possíveis nesse ano e sempre. O enredo da Vila Isabel de 2010, como não poderia deixar de ser, homenageia seu filho mais ilustre com a composição de outro ilustre artista do bairro que é Martinho da Vila em parceria com Alex de Souza e Alex Varela. Lá vai a letra do samba:
Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel?
Com toda a minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu
Seus sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel
Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele a bordel
Mas sei que está presente
Com a gente neste laurel
Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da Revolta da Chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais
Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou Ô ô ô...
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a Dama do Cabaré não dançou
Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
Aracy e os Tangarás
Lamartine, Ismael, e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel
Tem a energia da nossa Vila Isabel
Tem a energia da nossa Vila Isabel
Vou me entregar e nesse ano de 2010 torcerei calorosamente pela Vila Isabel que não vendeu seu samba! Sim, as escolas de samba do Rio de Janeiro vendem seus enredos. Em 2008 a Acadêmicos do Grande Rio teve como enredo o gás natural de Coari, cidade do interior do Amazonas (o Prefeito Adail Pinheiro, acusado de exploração sexual infanto-juvenil se esbaldava no camarote da escola). Naquele ano a Beija-Flor foi campeã com o “empolgante” tema “Macapaba: equinócio solar, viagens ao fim do mundo.” Nada contra o Amapá, mas...
Outra revoltante comercialização: no centenário do Mestre Cartola, a Mangueira escolheu como tema o frevo! Trocaram 100 anos do mestre pelos 100 anos do frevo. Quem comprou esse samba devia ter comprado de outra escola em respeito ao Cartola e aos torcedores e moradores da comunidade.
Até entendo que vez ou outra seja feita essa comercialização, afinal, é caro manter uma escola na divisão especial do carnaval do Rio, no entanto, deixá-la sobrepor à história, nostalgia e romantismo do carnaval é um verdadeiro crime! Crime hediondo! Mas essa é a atual faceta do carnaval carioca. Gringos dançando com os dedos para cima, cambistas comercializando ingressos (o carnaval do Rio é o único lugar do mundo que as vendas começam com os cambistas antes de começar nas bilheterias. Incluam-se entre os cambistas as empresas de turismo), camarotes com pessoas ricas e ingressos comercializados com altos preços, exceto quando se torna uma espécie de moeda que compra prestígio, aí políticos que compraram o samba (o samba passa a ser dele) deitam e rolam.
Vamos ao comércio de samba de 2010. 2º Colocado (na minha opnião): Beija-Flor de Nilópolis com o enredo: "Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília do sonho à realidade, a capital da esperança."
O tiro saiu pela culatra. Em plena caixa de pandora, mensalão do DEM, do DF ou como queiram definir, vamos nós, milhões de brasileiros assistir o neguinho da Beija-Flor cantando com um sorriso no rosto as belezas da Capital Federal. Nada contra Brasília, mas...
E o campeão da comercialização do samba enredo 2010, o mais enojador e ridículo é o samba enredo da Grande Rio, a escola dos “artistas” da igualmente enojadora Rede Globo, um casamento perfeito. O grande samba enredo de 2010 da Grande Rio: “Das Arquibancadas ao Camarote n. 1... Um “Grande Rio” de Emoção na Apoteose do seu Coração.”
Pois é. A Grande Rio vendeu seu samba à Brahma! E o samba é assinado por nada menos que 12 compositores, entre eles o ilustre Arlindo Cruz. Respeitaram o pressuposto que diz que 12 cabeças pensam melhor que uma. Eu também não saberia por onde começar. Como fazer um samba enredo em que o tema é a Brahma e seu camarote?
Mesmo com Arlindo Cruz, um dos mais badalados compositores da atualidade no Rio de janeiro, o samba ficou fraco. Não o culpo, teria que ser Noel Rosa pra conseguir tirar leite de pedra e fazer um samba que se preze sem dizer o que pretendem dizer. Se pudessem dar nome aos bois certamente seria uma tarefa menos complexa, diriam que a Brahma é boa pra caralho e que a Schin é uma bosta e dá diarréia, mas aí boa é a Antarctica. A tarefa é árdua mesmo!
Então, sem dar nome aos bois, a ala dos compositores diz: “Grande Rio, eu sou guerreiro, sou brasileiro...” esqueceram do “sou brameiro” que falam na propaganda. E prosseguem: “Vibra a arquibancada, explode o camarote número um.” (enfim uma parte que eu concordo com o samba: explode o camarote número um).
Tristeza de uns, alegria de outros. Os gringos finalmente conseguirão acompanhar o samba, afinal, o dedinho indicando o número 1 vai prevalecer na avenida e é só isso que eles sabem fazer.
Mas, vida que segue, na verdade eu tenho um pouco de culpa nessa comercialização, afinal, o que eu bebi de Brahma no ano passado não está escrito no gibi, portanto, nada contra a Brahma, mas...
O certo é que o capitalismo detona com a cultura, o folclore e a nostalgia. Em João Pessoa/PB já comercializaram o pôr-do-sol na cidade. Isso mesmo. O sol se pondo, um senhor entra em um barco e toca o Bolero de Ravel. Os bares tomam toda a visão e se você adentra ao ambiente para ver o espetáculo paga R$ 3,00. Se comercializam o pôr-do-sol, quem dirá um samba enredo. Então, força pra Vila Isabel esse ano e que a Grande Rio seja rebaixada! Roguemos praga!
Tágore Aryce da Costa
O primeiro parágrafo serviu tão somente pra nos desculparmos pela ausência de postagens no período de festas de fim de ano que avançou o início de 2010, mas que esperamos não se emende até o carnaval. Escrever de ressaca não é uma tarefa fácil.
Meados do mês de janeiro ainda é tempo de desejar um ano com muita felicidade, saúde, samba e crescimento cultural pra todos nós. Ano de copa do mundo e eleições, não obstante, como estamos aqui pra falar de samba, o acontecimento mais importante desse ano de 2010 é o centenário do nosso saudoso, genial, inigualável e imortal Noel Rosa.
Nascido no dia 11 de dezembro de 1910 no Rio de Janeiro, Vila Isabel, bairro imortalizado pelas letras do poeta, Noel foi um dos mais geniais ou o mais genial artista brasileiro, isso pelo fato de ter produzido tão somente por sete anos. Isso mesmo, a primeira música gravada por Noel Rosa se deu em 1929 quando o mesmo tinha 19 anos de idade e a última gravação foi no ano de 1937 com 26 anos de idade.
Noel Rosa morreu na noite de 4 de maio de 1937, portanto, viveu por 26 anos, quatro meses e 23 dias, período suficiente para revolucionar a música brasileira e compor mais de 250 músicas.
Portanto, o Saravá Meu Samba dedica sua vida em 2010 a esse poeta que merece todas as homenagens possíveis nesse ano e sempre. O enredo da Vila Isabel de 2010, como não poderia deixar de ser, homenageia seu filho mais ilustre com a composição de outro ilustre artista do bairro que é Martinho da Vila em parceria com Alex de Souza e Alex Varela. Lá vai a letra do samba:
Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel?
Com toda a minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu
Seus sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel
Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele a bordel
Mas sei que está presente
Com a gente neste laurel
Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da Revolta da Chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais
Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou Ô ô ô...
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a Dama do Cabaré não dançou
Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
Aracy e os Tangarás
Lamartine, Ismael, e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel
Tem a energia da nossa Vila Isabel
Tem a energia da nossa Vila Isabel
Vou me entregar e nesse ano de 2010 torcerei calorosamente pela Vila Isabel que não vendeu seu samba! Sim, as escolas de samba do Rio de Janeiro vendem seus enredos. Em 2008 a Acadêmicos do Grande Rio teve como enredo o gás natural de Coari, cidade do interior do Amazonas (o Prefeito Adail Pinheiro, acusado de exploração sexual infanto-juvenil se esbaldava no camarote da escola). Naquele ano a Beija-Flor foi campeã com o “empolgante” tema “Macapaba: equinócio solar, viagens ao fim do mundo.” Nada contra o Amapá, mas...
Outra revoltante comercialização: no centenário do Mestre Cartola, a Mangueira escolheu como tema o frevo! Trocaram 100 anos do mestre pelos 100 anos do frevo. Quem comprou esse samba devia ter comprado de outra escola em respeito ao Cartola e aos torcedores e moradores da comunidade.
Até entendo que vez ou outra seja feita essa comercialização, afinal, é caro manter uma escola na divisão especial do carnaval do Rio, no entanto, deixá-la sobrepor à história, nostalgia e romantismo do carnaval é um verdadeiro crime! Crime hediondo! Mas essa é a atual faceta do carnaval carioca. Gringos dançando com os dedos para cima, cambistas comercializando ingressos (o carnaval do Rio é o único lugar do mundo que as vendas começam com os cambistas antes de começar nas bilheterias. Incluam-se entre os cambistas as empresas de turismo), camarotes com pessoas ricas e ingressos comercializados com altos preços, exceto quando se torna uma espécie de moeda que compra prestígio, aí políticos que compraram o samba (o samba passa a ser dele) deitam e rolam.
Vamos ao comércio de samba de 2010. 2º Colocado (na minha opnião): Beija-Flor de Nilópolis com o enredo: "Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília do sonho à realidade, a capital da esperança."
O tiro saiu pela culatra. Em plena caixa de pandora, mensalão do DEM, do DF ou como queiram definir, vamos nós, milhões de brasileiros assistir o neguinho da Beija-Flor cantando com um sorriso no rosto as belezas da Capital Federal. Nada contra Brasília, mas...
E o campeão da comercialização do samba enredo 2010, o mais enojador e ridículo é o samba enredo da Grande Rio, a escola dos “artistas” da igualmente enojadora Rede Globo, um casamento perfeito. O grande samba enredo de 2010 da Grande Rio: “Das Arquibancadas ao Camarote n. 1... Um “Grande Rio” de Emoção na Apoteose do seu Coração.”
Pois é. A Grande Rio vendeu seu samba à Brahma! E o samba é assinado por nada menos que 12 compositores, entre eles o ilustre Arlindo Cruz. Respeitaram o pressuposto que diz que 12 cabeças pensam melhor que uma. Eu também não saberia por onde começar. Como fazer um samba enredo em que o tema é a Brahma e seu camarote?
Mesmo com Arlindo Cruz, um dos mais badalados compositores da atualidade no Rio de janeiro, o samba ficou fraco. Não o culpo, teria que ser Noel Rosa pra conseguir tirar leite de pedra e fazer um samba que se preze sem dizer o que pretendem dizer. Se pudessem dar nome aos bois certamente seria uma tarefa menos complexa, diriam que a Brahma é boa pra caralho e que a Schin é uma bosta e dá diarréia, mas aí boa é a Antarctica. A tarefa é árdua mesmo!
Então, sem dar nome aos bois, a ala dos compositores diz: “Grande Rio, eu sou guerreiro, sou brasileiro...” esqueceram do “sou brameiro” que falam na propaganda. E prosseguem: “Vibra a arquibancada, explode o camarote número um.” (enfim uma parte que eu concordo com o samba: explode o camarote número um).
Tristeza de uns, alegria de outros. Os gringos finalmente conseguirão acompanhar o samba, afinal, o dedinho indicando o número 1 vai prevalecer na avenida e é só isso que eles sabem fazer.
Mas, vida que segue, na verdade eu tenho um pouco de culpa nessa comercialização, afinal, o que eu bebi de Brahma no ano passado não está escrito no gibi, portanto, nada contra a Brahma, mas...
O certo é que o capitalismo detona com a cultura, o folclore e a nostalgia. Em João Pessoa/PB já comercializaram o pôr-do-sol na cidade. Isso mesmo. O sol se pondo, um senhor entra em um barco e toca o Bolero de Ravel. Os bares tomam toda a visão e se você adentra ao ambiente para ver o espetáculo paga R$ 3,00. Se comercializam o pôr-do-sol, quem dirá um samba enredo. Então, força pra Vila Isabel esse ano e que a Grande Rio seja rebaixada! Roguemos praga!
Tágore Aryce da Costa
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
EMPUNHANDO A BANDEIRA DO SAMBA
Com alegria apresentamos o blog Saravá Meu Samba! Pretendemos abordar o samba de raiz com a visão mais romântica possível, saudando as grandes figuras desse ritmo emblemático que se confunde com a própria história do País. Portanto, NOSTALGIA e SAUDOSISMO são palavras de ordem por aqui.
Vamos embora pro passado, matar saudades do que nem vivemos. Vamos enaltecer os tempos do terno branco e sapato duas cores, o chapéu de malandro e os bailes de carnaval cheios de confete, serpentina e um cheiro de perfume no ar.
Utilizamos o blog como ferramenta para participar do movimento de imortalização do samba, um movimento de todos que idolatram o ritmo que, um dia, ousaram dizer que iria morrer.
Além dos valores do passado, obviamente, saudaremos os nomes do presente! Todos que empunham a bandeira do samba sintam-se aqui representados, afinal, é mais do que justo homenagear quem faz samba na atualidade, especialmente pelo fato de vivermos um período de produção cultural pouco proveitoso em nosso País.
Façamos desse blog um botequim virtual. De preferência um botequim da Lapa ou de Vila Isabel, um botequim que existiu há muito tempo atrás, onde um rapaz chamado Noel sentou-se à mesa e compôs um samba acompanhado por uma orquestra em que os instrumentos eram caixas de fósforo. Um botequim frequentado por Geraldo Pereira, Ismael Silva, Vinicius Moraes, Chico Buarque, Dona Ivone Lara e tantos outros.
Aqui nesse bar só tocamos samba e na fachada tem escrito: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é...” Portanto, bom sujeito, pode entrar, a casa é sua e SARAVÁ!
Tágore Aryce
Vamos embora pro passado, matar saudades do que nem vivemos. Vamos enaltecer os tempos do terno branco e sapato duas cores, o chapéu de malandro e os bailes de carnaval cheios de confete, serpentina e um cheiro de perfume no ar.
Utilizamos o blog como ferramenta para participar do movimento de imortalização do samba, um movimento de todos que idolatram o ritmo que, um dia, ousaram dizer que iria morrer.
Além dos valores do passado, obviamente, saudaremos os nomes do presente! Todos que empunham a bandeira do samba sintam-se aqui representados, afinal, é mais do que justo homenagear quem faz samba na atualidade, especialmente pelo fato de vivermos um período de produção cultural pouco proveitoso em nosso País.
Façamos desse blog um botequim virtual. De preferência um botequim da Lapa ou de Vila Isabel, um botequim que existiu há muito tempo atrás, onde um rapaz chamado Noel sentou-se à mesa e compôs um samba acompanhado por uma orquestra em que os instrumentos eram caixas de fósforo. Um botequim frequentado por Geraldo Pereira, Ismael Silva, Vinicius Moraes, Chico Buarque, Dona Ivone Lara e tantos outros.
Aqui nesse bar só tocamos samba e na fachada tem escrito: “quem não gosta de samba, bom sujeito não é...” Portanto, bom sujeito, pode entrar, a casa é sua e SARAVÁ!
Tágore Aryce
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