Saravá!!!!

Façamos desse blog um botequim virtual. De preferência um botequim da Lapa ou de Vila Isabel, um botequim que existiu há muito tempo atrás, onde um rapaz chamado Noel sentou-se à mesa e compôs um samba acompanhado por uma orquestra em que os instrumentos eram caixas de fósforo. (Tágore Aryce)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Rui de Carvalho: ele não deixa o samba morrer!


Nas idas e vindas Brasil afora tive gratas surpresas conhecendo lugares maravilhosos e pessoas igualmente maravilhosas. No ano de 2008 saí de Goiânia com destino ao Rio de Janeiro com o intuito de me encontrar com o jornalista amazonense Mário Adolfo. Era carnaval e cheguei à cidade maravilhosa alguns dias antes do início da data festiva.

No primeiro dia, Mário anunciou que à noite nos encontraríamos com um amigo das antigas de Manaus que morava no Rio de Janeiro.

Caminhamos até o baixo Leblon e tratamos de iniciar os trabalhos etílicos no Bar Jobi, aguardava-mos o companheiro amazônida que logo adentrou ao botequim com chapéu de sambista e um CD em mãos. Tratava-se de Rui de Carvalho, um nortista nascido em Porto Velho que havia residido em Manaus, mas que morava no Rio há muito tempo.

Após quantidades industriais de chopes e muita conversa sobre samba, ele me presenteou com o CD que trazia em mãos: “Noel Rosa por Rui de Carvalho”. Eu que sou um ser sedento por cultura e samba estava conversando e bebendo com um ativista da cultura, um homem que tem a arte correndo nas veias, isso pelo fato de ele, além de compor e cantar, ser designer e artista plástico. É um artista na mais ampla concepção da palavra!

Passado o período carnavalesco na Capital do Samba, regressei ao estado de Goiás e na primeira oportunidade que tive, escutei o presente que havia recebido do artista. Foi uma grata surpresa. Com timbre que lembra João Nogueira, Rui de Carvalho passeia pelas letras de Noel Rosa com extrema autoridade e respeito. É necessário muito respeito à obra especialmente quando o homenageado é um gênio do calibre de Noel Rosa. Há regravações que são verdadeiros crimes! Quando ouço a palavra “releitura” chego a ter calafrios.

Outra surpresa emocionante que tive ocorreu alguns meses atrás. Vasculhando os discos de vinil que meus pais colecionavam na década de 80 quando eu ainda era criança, encontrei um vinil do Rui de Carvalho. Enfieira é o nome de uma das músicas e do LP e retrata a Amazônia com autoridade de quem lá nasceu.

Enfieira é um galho que o pescador utiliza para transportar os peixes da pescaria. A madeira atravessa a guelra do peixe e sai pela boca facilitando a vida do pescador. Passei a admirar ainda mais o trabalho do Rui, afinal, há entre nós uma grande afinidade de temas. Sou apaixonado pela Amazônia e por samba.

“...o rio tem segredos que só conta para o mar.” (trecho da música Enfieira).

Infelizmente ainda não tive oportunidade de ver Rui de Carvalho em suas frequentes apresentações na cidade do Rio de Janeiro, no entanto, mantenho contato com o artista graças às ferramentas virtuais e, muito em breve, pretendo encontrá-lo na Cidade Maravilhosa para apreciar seu belo trabalho. Ele prometeu me ciceronear e me apresentar as autênticas rodas de samba da Zona Norte da cidade.

Sou extremamente grato pelas surpresas que a vida me faz. Obrigado, Rui de Carvalho, por não deixar o samba morrer!

Tágore Aryce da Costa

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